libreplanet-br
[Top][All Lists]
Advanced

[Date Prev][Date Next][Thread Prev][Thread Next][Date Index][Thread Index]

Re: [LibrePlanet-BR] Onde foi que erramos, e onde continuamos errando?


From: Sergio Durigan Junior
Subject: Re: [LibrePlanet-BR] Onde foi que erramos, e onde continuamos errando?
Date: Wed, 04 Oct 2017 13:01:43 -0400
User-agent: Gnus/5.13 (Gnus v5.13) Emacs/25.1 (gnu/linux)

On Wednesday, October 04 2017, Ricardo Panaggio wrote:

> Olá,
>
> DISCLAIMER: Esse e-mail não visa criticar o trabalho do pessoal do
> Serenata de forma alguma, mas sim entender o que estamos fazendo de
> errado e que contrapropostas podemos fazer a esses projetos que
> escolheram um caminho que não é o de SL para seguir.
>
> Estava conversando com o Eduardo Cuducos, um dos responsáveis pela
> Operação Serenata de Amor[1], e encontrei algumas barreiras que estão se
> tornando cada vez mais comuns para contribuir para projetos de código
> aberto/software livre.

Hm, ficou meio difícil entender o e-mail, então só pra confirmar: o
problema aqui é a utilização de plataformas não-livres pra se comunicar
sobre um projeto open source, certo?

Se for isso...  Não sei muito bem o que dizer.  Eu mesmo tenho me
sentido mais e mais "encurralado" por isso; tem um monte de projetos
super interessantes que só usam github (nem o e-mail do criador do
projeto tá disponível), e aí eu simplesmente passo a vez na hora de
contribuir.

> O projeto deles é um sucesso do ponto de vista deles pelas opções
> não-livres. Será que realmente essas opções não livres foram
> responsáveis pelo sucesso? Será que não temos opções livres amplamente
> utilizadas para conseguir atingir o mesmo nível de sucesso? Nesse caso,
> teríamos que atingir essa massa crítica para podermos avançar, senão
> estaremos estagnados, basicamente pra sempre. Se essas barreiras
> existem, estamos fadados a "rezar para o padre" daqui em diante.

Eu entendo o ponto de vista dele.  Se você for medir "sucesso" como
"número de pessoas que contribuem com seu projeto", então sim, eu acho
que a escolha das ferramentas de comunicação influencia fortemente
nisso.  Eu confesso que não conheço quase nada desse projeto, mas o que
entendo é que a intenção é angariar o máximo de pessoas possível pra
contribuir (não só com código).  Eu não vejo muito como fazer um projeto
ter uma "hype" hoje em dia se você não for pro lugar-comum: github,
whatsapp/telegram, facebook/twitter.

> Erramos no passado e continuamos errando feio no presente, porque esse
> tipo de coisa está acontecendo cada vez mais. Mas não consigo ver onde,
> nem como. Alguém consegue dar uma luz?

Não sei se erramos especificamente nisso.  Nós construímos ferramentas
que satisfazem nossas necessidades.  O propósito do github, por exemplo,
é servir de unificador de todos os projetos de código aberto que existem
por aí.  Esse é o modelo de negócios dele.  Nunca vai ser o nosso.

O que me parece é que há sempre uma comparação entre modelos existentes,
e as pessoas sempre escolhem aquele que atenda mais amplamente os
objetivos finais.

Antigamente, a comparação era "desenvolvimento estilo catedral" x
"desenvolvimento estilo bazar" (pra usar termos do não-tão-querido Eric
Raymond).  O "open source" ganhou essa batalha, porque o desenvolvimento
em comunidade é claramente superior ao modelo proprietário.

Agora, a comparação é "desenvolver código aberto usando ferramentas
antigas" x "desenvolver código aberto usando ferramentas novas".  Note
que o fato de as ferramentas serem proprietárias ou não nem entra na
equação.

Eu já ouvi muito sobre os poderes da ferramenta de revisão de código do
github.  Parece que, de fato, é algo que facilita muito o trabalho.  Tem
muita gente que não curte e-mail, e pra essas pessoas o simples
pensamento de fazer uma revisão de código por e-mail já tira o sono.
Enfim...

> Se alguém tiver bons contra-argumentos ao apresentado por ele nos
> e-mails, posso encaminhar para ele depois, mas como disse no começo, não
> quero criar uma caça às bruxas, mas sim refletir o que estamos fazendo
> de errado.

Nem acho que compensa (fazer caça às bruxas).  Também não vejo muito
motivo em estender a discussão e contra-argumentar; ele me pareceu bem
razoável e pé-no-chão no que diz respeito aos objetivos do projeto.  E,
pelo jeito, o projeto já tá num nível em que se torna bem difícil fazer
uma mudança.

No final das contas, o que importa é que você dá importância à liberdade
de software, e ele não (tanto).

Mas se quiser fazer um contraponto ao que ele escreveu, acho que dá pra
pinçar o que ele falou sobre "dar importância às pessoas", e questionar
se incentivar o uso de plataformas proprietárias só porque elas são
supostamente mais cômodas é um bom jeito de se importar com seus
usuários/contribuidores.

> Ah! E como vocês podem ver, ele autorizou o encaminhamento dessas
> mensagens, e quer inclusive ver um resumo em algum lugar, para discussão
> provavelmente até entre eles posteriormente. Achei a postura dele
> bastante aberta nesse sentido. Eles estão dispostos a fazer mudanças.
> Mas temos que oferecer algo melhor do que eles tem para que elas
> ocorram. E pra isso, temos que encontrar essas opções melhores. Não para
> o que a gente considera bom. Mas para o que eles consideram bom.

Talvez compense parar e perguntar aqui: temos que oferecer algo "melhor"
em que sentido?  Melhor no sentido de liberdade de software?  Fácil.
Melhor no sentido de usabilidade?  Não tão fácil (gitlab?  pagure?).
Melhor no sentido de popularidade?  Bem difícil (gitlab?  mas e pra
comunicação?).

Em suma, se os objetivos deles são diferentes dos nossos, é difícil
chegar num consenso.

Foi mal pelo e-mail gigante.

-- 
Sergio
GPG key ID: 237A 54B1 0287 28BF 00EF  31F4 D0EB 7628 65FC 5E36
Please send encrypted e-mail if possible
http://sergiodj.net/

Attachment: signature.asc
Description: PGP signature


reply via email to

[Prev in Thread] Current Thread [Next in Thread]