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Coronavírus e educação remota: negócios lucrativos baseados na ampla ext
From: |
Paulo Francisco Slomp |
Subject: |
Coronavírus e educação remota: negócios lucrativos baseados na ampla extração de dados pessoais |
Date: |
Wed, 25 Mar 2020 19:54:16 -0300 |
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Coronavírus e educação remota: negócios lucrativos baseados na ampla extração
de dados pessoais
Iniciativa Educação Aberta - https://aberta.org.br
Mapeamento inédito mostra exposição da educação brasileira ao “capitalismo de
vigilância”
Fonte: https://aberta.org.br/mapeamento
Educação Vigiada mostra que 65% das universidades públicas e secretarias
estaduais de educação estão expostas ao “capitalismo de vigilância”. O projeto
vem chamar a atenção da sociedade para o problema da falta de transparência e
regulação nas relações público-privadas em serviços e plataformas tecnológicas,
comprometendo direitos dos usuários, como privacidade e a proteção de dados
pessoais. Lançamento com transmissão ao vivo acontece dia 26 de março às 16h.
Bastou começar a suspensão das aulas pelas instituições de ensino, no esforço
coletivo de contribuir contra a disseminação do COVID-19, para surgir uma lista
imensa de empresas e plataformas de tecnologia ofertando ferramentas diversas
para EaD (educação a distância) como forma de evitar prejuízos ao semestre
letivo. Boa parte delas, inclusive, disponibilizando acesso e serviços
‘gratuitos’ para incentivar o uso.
Só que essa disputa pela atenção de educadores e gestores de instituições de
educação no Brasil não é de agora. Mapeamento realizado por dois núcleos de
pesquisa da Universidade Federal do Pará (UFPA) e pela Iniciativa Educação
Aberta (Cátedra UNESCO de EaD sediada na Universidade de Brasília (UnB) e
Instituto Educadigital) revela que 65% das universidades públicas e secretarias
estaduais estão expostas ao chamado “capitalismo de vigilância”, termo
utilizado para designar modelos de negócios baseados na ampla extração de dados
pessoais por algoritmos e técnicas de inteligência artificial para obter
previsões sobre o comportamento dos usuários e com isso ofertar produtos e
serviços.
Intitulado Educação Vigiada, o mapeamento tem por objetivo chamar a atenção da
sociedade para o problema da falta de regulação de parcerias estabelecidas por
órgãos públicos de educação com organizações comerciais, o que compromete o
direito à privacidade e à proteção de dados pessoais dos cidadãos e também de
crianças e adolescentes. “Essas parcerias não envolvem dispêndio de recursos
financeiros por parte da administração pública. No entanto há um valor oculto
extraído da coleta de nossos dados e metadados”, explica o professor Tel Amiel,
da UnB e coordenador da Cátedra UNESCO em EaD http://www.educacaoaberta.org.
Por mais que atos de solidariedade em momentos de crise como o atual sejam
bem-vindos, como fica a responsabilidade do serviço público em aceitar
simplesmente ofertas “grátis” sem uma análise do contexto e das contrapartidas
envolvidas? A questão da vigilância começou a ganhar destaque nos noticiários a
partir das denúncias do ex-oficial da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos
EUA, Edward Snowden, de que o governo americano mantinha programas de
espionagem em massa de seus cidadãos e de autoridades de outros países.
Filmes recentes como “Privacidade Hackeada” e sobre a própria história de
Snowden têm escancarado a maneira como dados pessoais coletados de forma
persistente e extensa são hoje o motor que gera o lucro das mais famosas
corporações de tecnologia do planeta, como Google e Facebook. “Como não
encontramos informações sobre como essas parcerias se dão no âmbito da
administração pública, nem por parte do governo, nem por parte das empresas,
criamos um programa para acessar a base de dados do endereço do servidor de
e-mail das instituições de ensino e saber se os servidores estão alocados em
máquinas externas de empresas ou em máquinas sob controle das próprias
instituições de ensino”, explicou o professor Leonardo Cruz, do Laboratório
Amazônico de Estudos Sociotécnicos http://laesufpa.net da UFPA e pesquisador da
Rede Latino-Americana de estudos sobre Vigilância, Tecnologia e Sociedade (Rede
LAVITS http://lavits.org).
Educação Vigiada é parte integrante da pesquisa “Capitalismo de Vigilância e a
Educação Pública do Brasil” com a intenção de alertar a sociedade para a falta
de transparência nos modelos de aceite de serviços gratuitos oferecidos por
essas empresas firmados com instituições e redes de ensino. Para o professor
Filipe Saraiva, do Centro de Competência em Software Livre da UFPA
http://ccsl.ufpa.br, em um cenário de desincentivo ao financiamento da educação
pública e redução dos orçamentos universitários, as instituições simplesmente
aderem a produtos ‘gratuitos’ de empresas e os submetem à comunidade
educacional a partir de um discurso de “inovação” e “qualidade”. “Mas é preciso
ter cautela”, ressalta. “No afã de resolver problemas imediatos e urgentes,
gestores e professores muitas vezes não enxergam que boa parte da inabilidade
das instituições para responder às demandas de sistemas e serviços se dá pelo
sucateamento de estruturas e equipes de suporte, em favor de soluções externas
‘gratuitas’.
A diretora-executiva do Instituto Educadigital http://educadigital.org.br,
Priscila Gonsales, lembra que, no caso da educação básica, o problema é ainda
maior, pois envolve o uso por crianças e adolescentes. “Em agosto entra em
vigor a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), que traz um artigo
específico sobre proteção de dados para esse público, logo escolas precisam
repensar seu papel pedagógico em relação às escolhas que fazem, além de formar
professores e alunos sobre a importância desse tema”, pontua.
Segundo os pesquisadores envolvidos no mapeamento, uma vez estabelecidas as
parcerias público-privadas e que sejam feitas as migrações de serviços, como
por exemplo, o e-mail institucional, é muito difícil que instituições e redes
consigam reverter esse cenário de dependência.
Educação Vigiada recebeu apoio da organização chilena Derechos Digitales, por
meio do Fundo de Resposta Rápida, e apresenta os dados atualizados da pesquisa,
além de informações complementares e recomendações para cada função na
comunidade escolar (gestor, professor, pais e estudantes). Saiba mais em:
www.educacaovigiada.org.br
Acompanhe ao vivo o lançamento do projeto. Deixe seu email nesse link para ser
avisado(a) http://bit.do/edvig!
Informalidade e desconhecimento nos processos de contratação:
https://educacaovigiada.org.br/?page_id=687.
Alternativas aos sistemas proprietários:
https://educacaovigiada.org.br/?page_id=2.
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Paulo Francisco Slomp
http://ufrgs.br/psicoeduc
Acionado com Software Livre
http://ufrgs.br/soft-livre-edu
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