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Re: Coronavírus e educação remota: negócios lucrativos baseados na ampla


From: Adrian
Subject: Re: Coronavírus e educação remota: negócios lucrativos baseados na ampla extração de dados pessoais
Date: Thu, 02 Apr 2020 18:47:37 -0300

Muito obrigado por compartilhar isso, Paulo!

Em qua, 2020-03-25 às 19:54 -0300, Paulo Francisco Slomp escreveu:
> Coronavírus e educação remota: negócios lucrativos baseados na ampla
> extração de dados pessoais
> 
> Iniciativa Educação Aberta - https://aberta.org.br
> 
> Mapeamento inédito mostra exposição da educação brasileira ao
> “capitalismo de vigilância”
> 
> Fonte: https://aberta.org.br/mapeamento
> 
> Educação Vigiada mostra que 65% das universidades públicas e
> secretarias estaduais de educação estão expostas ao “capitalismo de
> vigilância”. O projeto vem chamar a atenção da sociedade para o
> problema da falta de transparência e regulação nas relações público-
> privadas em serviços e plataformas tecnológicas, comprometendo
> direitos dos usuários, como privacidade e a proteção de dados
> pessoais. Lançamento com transmissão ao vivo acontece dia 26 de março
> às 16h.
> 
> Bastou começar a suspensão das aulas pelas instituições de ensino, no
> esforço coletivo de contribuir contra a disseminação do COVID-19,
> para surgir uma lista imensa de empresas e plataformas de tecnologia
> ofertando ferramentas diversas para EaD (educação a distância) como
> forma de evitar prejuízos ao semestre letivo. Boa parte delas,
> inclusive, disponibilizando acesso e serviços ‘gratuitos’ para
> incentivar o uso.
> 
> Só que essa disputa pela atenção de educadores e gestores de
> instituições de educação no Brasil não é de agora. Mapeamento
> realizado por dois núcleos de pesquisa da Universidade Federal do
> Pará (UFPA) e pela Iniciativa Educação Aberta (Cátedra UNESCO de EaD
> sediada na Universidade de Brasília (UnB) e Instituto Educadigital)
> revela que 65% das universidades públicas e secretarias estaduais
> estão expostas ao chamado “capitalismo de vigilância”, termo
> utilizado para designar modelos de negócios baseados na ampla
> extração de dados pessoais por algoritmos e técnicas de inteligência
> artificial para obter previsões sobre o comportamento dos usuários e
> com isso ofertar produtos e serviços.
> 
> Intitulado Educação Vigiada, o mapeamento tem por objetivo chamar a
> atenção da sociedade para o problema da falta de regulação de
> parcerias estabelecidas por órgãos públicos de educação com
> organizações comerciais, o que compromete o direito à privacidade e à
> proteção de dados pessoais dos cidadãos e também de crianças e
> adolescentes. “Essas parcerias não envolvem dispêndio de recursos
> financeiros por parte da administração pública. No entanto há um
> valor oculto extraído da coleta de nossos dados e metadados”, explica
> o professor Tel Amiel, da UnB e coordenador da Cátedra UNESCO em EaD 
> http://www.educacaoaberta.org.
> 
> Por mais que atos de solidariedade em momentos de crise como o atual
> sejam bem-vindos, como fica a responsabilidade do serviço público em
> aceitar simplesmente ofertas “grátis” sem uma análise do contexto e
> das contrapartidas envolvidas? A questão da vigilância começou a
> ganhar destaque nos noticiários a partir das denúncias do ex-oficial
> da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA, Edward Snowden, de
> que o governo americano mantinha programas de espionagem em massa de
> seus cidadãos e de autoridades de outros países.
> 
> Filmes recentes como “Privacidade Hackeada” e sobre a própria
> história de Snowden têm escancarado a maneira como dados pessoais
> coletados de forma persistente e extensa são hoje o motor que gera o
> lucro das mais famosas corporações de tecnologia do planeta, como
> Google e Facebook. “Como não encontramos informações sobre como essas
> parcerias se dão no âmbito da administração pública, nem por parte do
> governo, nem por parte das empresas, criamos um programa para acessar
> a base de dados do endereço do servidor de e-mail das instituições de
> ensino e saber se os servidores estão alocados em máquinas externas
> de empresas ou em máquinas sob controle das próprias instituições de
> ensino”, explicou o professor Leonardo Cruz, do Laboratório Amazônico
> de Estudos Sociotécnicos http://laesufpa.net da UFPA e pesquisador da
> Rede Latino-Americana de estudos sobre Vigilância, Tecnologia e
> Sociedade (Rede LAVITS http://lavits.org).
> 
> Educação Vigiada é parte integrante da pesquisa “Capitalismo de
> Vigilância e a Educação Pública do Brasil” com a intenção de alertar
> a sociedade para a falta de transparência nos modelos de aceite de
> serviços gratuitos oferecidos por essas empresas firmados com
> instituições e redes de ensino. Para o professor Filipe Saraiva, do
> Centro de Competência em Software Livre da UFPA http://ccsl.ufpa.br,
> em um cenário de desincentivo ao financiamento da educação pública e
> redução dos orçamentos universitários, as instituições simplesmente
> aderem a produtos ‘gratuitos’ de empresas e os submetem à comunidade
> educacional a partir de um discurso de “inovação” e “qualidade”. “Mas
> é preciso ter cautela”, ressalta. “No afã de resolver problemas
> imediatos e urgentes, gestores e professores muitas vezes não
> enxergam que boa parte da inabilidade das instituições para responder
> às demandas de sistemas e serviços se dá pelo sucateamento de
> estruturas e equipes de suporte, em favor de soluções externas
> ‘gratuitas’.
> 
> A diretora-executiva do Instituto Educadigital 
> http://educadigital.org.br, Priscila Gonsales, lembra que, no caso da
> educação básica, o problema é ainda maior, pois envolve o uso por
> crianças e adolescentes. “Em agosto entra em vigor a Lei Geral de
> Proteção de Dados Pessoais (LGPD), que traz um artigo específico
> sobre proteção de dados para esse público, logo escolas precisam
> repensar seu papel pedagógico em relação às escolhas que fazem, além
> de formar professores e alunos sobre a importância desse tema”,
> pontua.
> 
> Segundo os pesquisadores envolvidos no mapeamento, uma vez
> estabelecidas as parcerias público-privadas e que sejam feitas as
> migrações de serviços, como por exemplo, o e-mail institucional, é
> muito difícil que instituições e redes consigam reverter esse cenário
> de dependência.
> 
> Educação Vigiada recebeu apoio da organização chilena Derechos
> Digitales, por meio do Fundo de Resposta Rápida, e apresenta os dados
> atualizados da pesquisa, além de informações complementares e
> recomendações para cada função na comunidade escolar (gestor,
> professor, pais e estudantes). Saiba mais em: 
> www.educacaovigiada.org.br
> 
> Acompanhe ao vivo o lançamento do projeto. Deixe seu email nesse link
> para ser avisado(a) http://bit.do/edvig!
> 
> Informalidade e desconhecimento nos processos de contratação: 
> https://educacaovigiada.org.br/?page_id=687.
> 
> Alternativas aos sistemas proprietários: 
> https://educacaovigiada.org.br/?page_id=2.
> 
> 
> -- 
> _______________________________
> Paulo Francisco Slomp
> http://ufrgs.br/psicoeduc
> Acionado com Software Livre
> http://ufrgs.br/soft-livre-edu




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